Por Johny Mange
INTRODUÇÃO
É deveras impressionante a ressurreição do corpo! Ressurreição significa “retorno da morte à vida, reaparecimento; ato de reaparecer vivo depois de ter morrido; cura milagrosa surpreendente e inesperada; restabelecimento; uma nova vida; um novo vigor”.
Ressurreição corresponde à expressão grega anástasis, à locução latina ressurrectione, de cujos significados temos: “sair de uma localidade; levantar, erguer”. Ambos aludem ao soerguer dentre os mortos; deixar a catacumba; abandonar a sepultura para tornar a viver. Isto pode ser expresso também pelos seguintes vocábulos em português: ressuscitamento, ressurgimento, ressurgência e ressuscitação.
O homem é tripartido, a possuir “espírito alma e corpo” (1Ts 5.23). O homem interior, mencionado na Palavra de Deus (Rm 7.22; Ef 3.16), é o espírito e alma, os quais estão dentro do corpo (Sl 42.5; Zc 12.1). Com efeito, morrendo o corpo, o espírito e a alma o deixam (Gn 35.18; Tg 2.26; Ec 12.7). A ressuscitação é justamente a volta deles ao corpo, fazendo-o reviver (cf. 1Rs 17.20-22; Lc 8.49-56).
É desse ato extraordinário, outorgado pela Trindade Divina, cujo prova que só Ela, isto é, o único Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, é detentora da vida, que falaremos neste artigo.
1) AS RESSURREIÇÕES NARRADAS NA BÍBLIA
As Sagradas Escrituras narram nove casos de ressurgimentos; ei-los:
Primeiro, o filho da viúva de Serepta (1Rs 17.17-23), ressuscitado pelo Poder Divino contido na vida no profeta Elias;
Segundo, o filho da mulher de Suném, isto é, da sunamita (2Rs 4.19-37), foi ressurrecto pela virtude na vida do profeta Eliseu;
Terceiro, um homem lançado por uma tropa na sepultura de Eliseu que, ao cair, ressuscitou instantaneamente (2Rs 13.21). O que prova que a carne, os ossos, os membros de Eliseu eram santificados pelo Senhor. Assim devemos ser, a fim de que, através de nossos corpos, milagres possam acontecer (1Co 3.16,17);
Quarto, a filha de Jairo – príncipe da sinagoga (Lc 8.41) – ressurgiu pelo poder de Cristo (Mc 5.22, 35-43);
Quinto, o filho da viúva de Naim, pulou ressuscitado do esquife pelo toque da mão do Cristo de Deus (Lc 7.11-16);
Sexto, Lázaro, amigo de Jesus, estava morto há quatro dias. Pela meiga voz do Salvador Jesus Cristo, ele sai do sepulcro todo enfaixado, porém, ressurgido! (Jo 11).
Sétimo, um dos milagres da morte de Cristo foi os santos profetas ressuscitarem e andarem pela Cidade Santa que, nesse contexto, refere-se a Jerusalém, dando testemunho do Filho do Eterno Deus (Mt 27.52,53 comp. Mt 4.5);
Oitavo, Dorcas – irmã piedosa e costureira da Igreja Primitiva – morreu e logo seu corpo foi lavado e depositado em um cômodo alto; todavia, mediante o dom do Espírito Santo na vida do apóstolo Pedro, de joelhos dobrados, falou com Deus e Dorcas, imediatamente, ressuscitou! (At 9.36-42), e,
Nono, Êutico, assentado em uma janela no terceiro andar do cenáculo, ou seja, da casa de verão, onde Paulo ministrava; conseguintemente, o sermão durou toda a noite, portanto, adormeceu e caiu, vindo a falecer. Paulo, cheio da glória de Deus, abraçando-o, o milagre do ressuscitamento ocorreu (At 20.9-11)!
À Sua Igreja, Jesus prometeu: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu faço, e as fará maiores do que estas, porque Eu vou para Meu Pai. E tudo quanto pedirdes em Meu nome Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu o farei” (Jo 14.12-14). E mais: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça daí” (Mt 10.8). “Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o Evangelho” (Mt 11.5). Este milagre – o ressuscitamento – não cessou: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente!” (Hb 13.8).
2) A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
a) A ressurreição do Senhor Jesus. No domingo de Páscoa, de madrugada, as mulheres chegaram ao túmulo com algumas especiarias, e com a intenção de preparar o corpo de Jesus para o sepultamento em caráter definitivo. Não o encontraram. Jesus havia ressuscitado! Um anjo rolara a pedra que fora posta para fechar a porta do túmulo, e não para que Jesus saísse, pois Ele já havia partido dali quando a pedra foi tirada, mas para que as mulheres, e mais tarde seus discípulos, pudessem verificar que realmente o sepulcro estava vazio (Mt 28.1-4; Mc 16.1; Lc 24.1-8 e Jo 20.1).
Dois anjos, em forma humana, anunciaram às mulheres o evento maravilhoso da ressurreição. Mateus e Marcos mencionam apenas o porta-voz entre os anjos. Eram dois, mas um só falou (Mt 28.5-8; Mc 16.2-8; Lc 24.1-8 e Jo 20.1).¹
b) Domingo — o dia especial de adoração e louvor em memória do maior evento da história da humanidade: a ressuscitação de Jesus. Subsequente aos sofrimentos e à morte de Cristo (Sl 118.16-23 comp. Mt 21.42; Mc 12.10; Lc 20.17; At 4.11,12), havia uma profecia no Antigo Testamento que seria criado, pelo Senhor, outro dia especial para adoração e louvor (Sl 118.24). Este dia é o domingo, porquanto foi nele que o Senhor Jesus ressuscitou corporalmente, vencendo definitivamente os grilhões da morte! (Mc 16.9). Após a ressurreição de Cristo, os principais eventos da Igreja deram-se no domingo (Jo 20.19,26; At 20.7; 1Co 16.2). A palavra “domingo”, do grego kyriake hemera, e do latim dominica die, significa literalmente “o Dia do Senhor” e foi criada pelo Apóstolo João quando encarcerado na Ilha de Patmos, no século 1.º. A palavra “domingo”, bem como as suas equivalentes, não existia em nenhuma língua do mundo até o apóstolo inspirado criá-la e registrá-la no Apocalipse. Antigos documentos da Igreja Primitiva, transcritos para o russo, relatam que João, aprisionado, chorava muito ao chegar o primeiro dia da semana, pois se lembrava das uniões para a Ceia do Senhor, celebrada sempre nesse dia (cf. At 20.7). Por isso, foi no “Dia do Senhor”, isto é, no domingo, que João foi arrebatado e viu o Cristo glorificado: Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor (Ap 1.10, veja do versículo 11 ao 19). Tanto assim que, na Versão Matos Soares, esse texto é traduzido: Um dia de domingo fui arrebatado em espírito... Nos séculos seguintes, o domingo — o Dia do Senhor, em memória da ressurreição corporal de Jesus — continuou na Igreja Cristã observado, isto é, respeitado e acatado como dia especial de adoração, louvor e gratidão. Veja:
* Inácio (ano 100 d.C.): Aqueles que estavam presos às velhas coisas vieram a uma novidade de confiança, não mais guardando o sábado, porém vivendo de acordo com o ‘Dia do Senhor’. O Dia do Senhor é o ‘príncipe’ entre os demais dias;
* Barnabé (à volta de 120 d.C.): Guardamos com alegria o oitavo dia, o dia em que Jesus ressurgiu da morte e tendo aparecido ascendeu aos Céus;
* Justino Mártir (Ano 140 d.C.): No dia chamado domingo há uma reunião num certo lugar de todos os que habitam nas cidades ou nos campos, e as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas são lidos;
* Bardesanes (Ano 180 d.C.): Num dia, o primeiro da semana, nós nos reunimos;
* Clemente: De acordo com o Evangelho, um cristão observa o ‘Dia do Senhor’, glorificando desta maneira a ressurreição de Cristo;
* Eusébio (historiador da Igreja): O dia da ressurreição, ou seja, o Dia do Senhor era observado em todo o mundo.
Não é um dia para ser guardado como era o sábado pelos judeus, pois no Novo Testamento não há mandamento para guarda de dias, meses ou anos (Cl 2.16,17; Gl 4.9-11; Rm 14.5,6); todavia, é um dia especial de louvor e adoração em memória do evento mais importante ocorrido, em todos os tempos, no céu e na terra: a ressurreição de Jesus, o Filho de Deus (1Co 15.14).²
c) Ressurreição de Cristo: fato inédito e incomparável! A ressurreição de Jesus Cristo é um fato, fato inédito, fato sem paralelo na História até hoje conhecido. Por isso, pode ser considerado como maior acontecimento entre os homens e, por conseguinte, acontecimento fundador da História. É acontecimento iluminador dos acontecimentos. Nunca feitos humanos mereceram tanta pesquisa; nunca se escreveu ou discutiu tanto; nunca um ponto da História foi tão combatido ou defendido. Mais que qualquer outro, trouxe este evento luz a outros referentes ao homem em todos os séculos. Partindo desse princípio, a ressurreição de Cristo nem precisa e até não deve ser chamada de “história” apenas por ter se dado dentre da história da humanidade, representada por muitos e diferentes tipos de categorias históricas. Entretanto, a ressurreição do Senhor Jesus é história e muito história, porque instituiu e institui, criou e cria, fundou e funda história dentro da qual se pode e se deve viver, uma vez que aponta, como semente vital, o futuro escatológico do homem.³
d) As 12 aparições de Cristo após a Sua ressurreição. A Bíblia diz: “Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando do que respeita ao reino de Deus” (At 1.3); consequentemente, em ordem cronológica, são atestadas as 12 aparições de Cristo Jesus. Jesus se apresentou vivo e ressuscitado corporalmente a:
1) Maria (Jo 20.10-18);
2) Maria e mulheres (Mt 28.1-10).
3) Pedro (1Co 15.5);
4) 2 discípulos, no caminho de Emaús (Lc 24.13-35);
5) 10 apóstolos (Lc 24.36-49 e Jo 20.19-23);
6) 11 apóstolos (Jo 20.24-31);
7) 7 apóstolos (Jo 21);
8) Todos os apóstolos (Mt 28.16-20; Mc 16.14-18);
9) 500 irmãos (1Co 15.6);
10) Tiago, seu irmão (1Co 15.7);
11) Todos os apóstolos (At 1.4-8); e
12) Paulo (At 9.1-9; 1Co 15.8).
e) A ressurreição de Cristo: prova do ressurgimento futuro. A ressurreição de Cristo é exclusiva (cf. Lc 24; 1Co 15.14-17; Rm 8.11), pois Ele é “as primícias dos que dormem” (1Co 15.20), a revelar que é o modelo das ressurreições futuras, ou seja, as ressuscitações escatológicas para vida eterna (Dn 12.2; Jo 5.28,29). Então, não é apenas para restauração da vida como as outras.
3) O DONS DE SINAIS E PRODÍGIOS
Estamos vivendo na “dispensação do Espírito”, cuja glória será maior por causa da sobrenaturalidade das operações (cf. 2Co 3.8). As operações miraculosas do Santo Espírito dão-se mediante os dons. A palavra “dom” é oriunda do vocábulo gregocarisma, possuindo os seguintes significados: “dádiva de caráter sobrenatural, donativo de cunho imaterial; doação; algo gratuito”. Refere-se às obras milagrosas do Divino Espírito Santo na vida do crente, o qual aquEle opera neste, demonstrando o Seu poder, a Sua identidade e a Sua Divindade, para provar aos incrédulos que o “Deus vivo está no meio de nós” (Js 3.10).
Os dons de sinais e prodígios são estes: dom de maravilhas, dons de curar e dom da fé.
DOM DE MARAVILHAS (1Co 12.10): Capacidade sobrenatural de Cristo aos Seus servos para obras impressionantes que desafia os poderes da medicina, da ciência, do materialismo etc. Temos, disto, quatro exemplos: 1) Ressurreição de mortos (Mt 9.18-24; 10.8; Hb 6.1,2; Jo 14.12); 2) Manifestação de castigos (At 5.1-11; 13.7-12); 3) Intervenção às forças da natureza (Ex 14.21; 2Rs 2.14; Mt 14.28-31), e 4) Desafio às leis da ciência e outras altamente conhecidas (At 8.39,40; 2Rs 6.1-6; 5.10-14; Jo 6.9-14).
- DOM DA FÉ (1Co 12.9): Confiança sobrenatural em Deus para realização de obras impossíveis (Mt 17.20; Tg 5.17; Mc 9.23; Mt 21.20; At 27.24,25; Mc 10.27).
- DONS DE CURAR (1Co 12.9): Especialidades do Eterno Deus para cura de todos os tipos de enfermidades, sem intervenções médicas. Ademais, são diferentes maneiras aprazidas pelo Espírito de Jeová, a fim de sanar todas as classes de doenças, usando os Seus fiéis servos. Veja, “dons” de curar, ou seja, várias operações existem neste dom do Espírito Santo. A cura divina foi uma das vitórias dadas à Igreja por intermédio da morte e ressurreição do Verbo de Deus: Jesus Cristo! (Is 53.4; Mt 8.16,17; Lc 10.9,17; Mc 16.16,17; Jo 16.22,23).
4) OS DONS DE SINAIS E PRODÍGIOS SÃO MANIFESTOS ATUALMENTE
Como confirmação da doutrina de Deus: a santificação do espírito, da alma e do corpo, a qual é mandamento do Senhor (1Ts 5.23; 1Pd 1.15,16; 1 Ts 4.4-8), Deus tem operado, nalguns casos, a ressurreição de mortos atualmente.
É a marca registrada do sobrenaturalismo que possui o Evangelho de Cristo: “Disse Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá... pois [o Meu o Evangelho] é o poder de Deus...” (Jo 11.25; Rm 1.16).
5) AS DUAS RESSURREIÇÕES FUTURAS QUE ABRANGEM TODA A HUMANIDADE
As Escrituras são enfáticas quando revelam a ressurreição da carne. O ressurgimento abrange todos os seres humanos que morreram: ninguém escapa da ressurreição! A ressurreição é mais certa do que a própria morte! Aleluia! Ela é uma das promessas mais lindas do Filho de Deus! A ressuscitação da carne (Jo 5.28,29; Dn 12.2; Is 26.19) dividi-se em duas partes: a Primeira Ressurreição – a da vida (Jo 5.29a), e a Segunda Ressurreição – a da condenação (Jo 5.29b).
6) A PRIMEIRA RESSURREIÇÃO
A Primeira Ressurreição é uma das doutrinas fundamentais da Palavra de Deus. A ressurreição de Cristo é a prova concreta que acontecerá a Primeira Ressurreição (cf. 1Co 15.20-23). Ela abarcará esplendorosamente os salvos de todas as épocas, a saber, os remidos pelo sangue do Cordeiro. De tão gloriosa, ela abrange vários períodos da história humana. Veja:
a) Cristo, as primícias dos milhares que serão ressurretos (1Co 15.20,23; Ap 1.18; Cl 1.18);
b) Todos os santos redimidos, no momento do Arrebatamento da Igreja (1Ts 4.16; 1Co 15.23);
c) As duas testemunhas, durante a Grande Tribulação (Ap 11.11);
d) Os santos martirizados durante a Grande Tribulação (judeus e gentios), que ressurgirão antes do Milênio (Ap 6.9-11; 20.4-6); e
e) Todos os crentes do Milênio, após o seu término, ressuscitarão (ou serão transformados) às vésperas do Trono Branco, uma vez que, no Juízo Final, o Livro da Vida, em cujo há os nomes de todos os salvos (Fp 4.3; Ap 3.5; Ex 32.32), também será aberto; por conseguinte, subentende-se que, nesse mesmo instante, ocorra a transformação dos fiéis que morreram ou permaneceram vivos durante o Milênio (Ap 20.12,13; Dt 29.29).
7) A SEGUNDA RESSURREIÇÃO
A Bíblia revela outra ressurgência para o final dos tempos, chamada de “Segunda Ressurreição”. Esta é para todos aqueles que se levantarem no Juízo do Grande Trono Branco (Ap 20.11-15), que dantes suas almas e espíritos estavam no Hades (Lc 16.19-31; Sl 9.17), os quais, com corpos de desprezo e vergonha eternos (Dn 12.2), serão amarrados de pés e mãos e lançados eternamente para a danação e o suplício no Lago de Fogo, com pranto e ranger de dentes (Mt 22.13; Mt 25.46; Mc 9.43-49).
CONCLUSÃO
A ressurreição prova, cabalmente, que o nosso Deus é vivo e pode fazer o impossível acontecer. A ressurreição indica que Ele está além de quaisquer deuses das mais diversas religiões, logo, é chamado de “Deus dos deuses” (Sl 136.2; Js 22.22; Dn 2.47). Acima das leis, das descobertas científicas, da sabedoria humana, existe Um que pode transtornar todas as razões dos homens sábios. Ele manifesta-Se como o que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso! (Ap 1.8).
A ressurreição de Cristo prova que um dia todo o ser humano se levantará de entre os mortos, seja para vida eterna, seja para condenação eterna. Como foi dito: “A ressurreição é mais certa que a própria morte!”
Bibliografia
¹ DANTAS, Anísio Batista. A Ressurreição de Jesus Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 1992, pp. 162,163, adaptado.
² MANGE, Johny. Os Santos da Tribulação. Disponível em: <http://www.igrejadafeapostolica.com/#!os-santos-da-tribulao-1/c151s>. Acesso em 31 jul. 2014.
³ A Ressurreição de Jesus Cristo, pp. 18,19, adaptado.