Louvores

sexta-feira, 4 de julho de 2014

A Besta que sobe do mar

 
 
Trata-se do delegado-mor de Satanás que, na Grande Tribulação, terá como tarefa dominar política e economicamente as nações. É conhecido por outros nomes, tais quais Besta que sobe do Abismo (Ap 11.7), Besta que emerge do mar (Ap 13.1, na ARA), o homem do pecado e o filho da perdição (2Ts 2.3), o iníquo (2Ts 2.8), o príncipe que há de vir (Dn 9.26), o rei que fará conforme a sua vontade (Dn 11.36), o Anticristo (1Jo 2.18).
 
          Anticristo, grosso modo, significa aquele que almeja tomar o lugar de Cristo. Ele é o Antagonista de Cristo. Eis algumas de suas características: Será um gênio intelectual (Dn 8.23), um gênio na oratória (Dn 11.36), um gênio político (Ap 17.11,12), um gênio em debates (Dn 8.23), um gênio comercial (Ap 11.43; Ap 13.16,17), um gênio militar (Ap 6.2; 13.2-4), um gênio religioso (Ap 13.8; 2Ts 2.4). Gênio é, em sentido figurado, uma “pessoa com excepcional capacidade criativa, física ou mental; pessoa muito versada, dotada de genialidade; alguém possuidor de habilidade rara; prodígio; portento; notável; crânio”.
 
          É-nos dito que a Besta sobe do mar (Ap 13.1). Qual o significado disto? Na tipologia escatológica, o mar é usado para tipizar as nações (Lc 21.25). O mar é um símbolo perfeito da humanidade intranquila. As Escrituras apresentam as potências mundiais subindo da agitação do mar (Jr 46.7,8; Lc 21.25; Ap 13.1; 21.1). O mar pode ser traiçoeiro – e a traição participará ativamente desde o surgimento do governo do Anticristo. A inquietação também caracteriza o mar – e, no império do Antagonista de Cristo, haverá inquietude tal, visto que depois do período de paz e segurança, estabelecido por ele, “sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão” (1Ts 5.3). O mar, ainda, pode ser destrutivo; com efeito, quem se render às suas falácias, será condenado à danação eterna (Ap 14.9-11). É justamente dentre o mar das nações desinquietas que se levantará a Besta, encarregada de governá-las ditatorialmente. A descrição da Besta que emerge do mar aponta futuramente para um homem com poder mundial.
 
         O sistema que há de implantar abarcará as características dos três impérios mundiais, descritos em Daniel: E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio (Ap 13.1,2). Se interpretarmos essa passagem à luz de Daniel, verificamos que o leopardo é a Grécia; o urso, a Pérsia; e o leão, a Babilônia. O apóstolo João, em Apocalipse 13, contempla essa grande visão, cerca de 651 anos depois da visão de Daniel 7. Porém, há aqui e ali uma posição invertida na posição do tempo e da visão. Em Daniel 7, a ordem é inversa, uma vez que o profeta Daniel olha para o futuro dos séculos e vê o que está no porvir: Leão, Urso, Leopardo e Fera Terrível. João, olha para o passado dos séculos e vê: Besta, Leopardo, Urso e Leão. Esta figura iníqua e sombria – do animal de feroz catadura – procurará substituir a Cristo, estabelecendo-se como se fosse o Filho de Deus. A Besta é uma imagem espelhada de Satanás e está-lhe aliada na guerra contra os santos (Ap 13.7); igualmente possuirá “sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas”. Haja vista o número sete como o símbolo das coisas completas, e o número dez tal e qual o símbolo do poder mundial. Os diademas estão sobre os dez chifres, os quais representam o poder político. As sete cabeças são a fonte de autoridade, esta delegada pelo Diabo à Besta (Ap 13.4,7). Representa a encarnação político-social do império das trevas à qual a humanidade submeter-se-á, e manifestar-se-á sob várias formas de ação, e em vários graus, mas todos com um só objetivo: perpetuar o reino de Satanás e guerrear renhidamente contra o Cordeiro de Deus.
 
          Besta denota apropriadamente o caráter desse iníquo: obstinado e animalesco!... O instinto que mais sobressai nesse espantoso e terrível animal é a soberba. De mais a mais, é perigoso, incontrolável, altivo e, em tudo, único e só – sem relação com a humanidade, já que seu governo será uma ditadura: “deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação; e adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro” (Ap 13.7,8). A combinação destas características não poderia resultar senão nesta horrenda Besta: O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem. Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne. Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio. Depois disto eu continuei olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres. (Dn 7.4-7).
 
           A Besta que sobe do mar obrará como preposto, delegado-mor de Satanás, porquanto implantará um sistema tão ditatorial e, em tudo, tão arbitrário e intolerante, que, diante de seu esquema, os regimes de Hitler e Stalin hão de parecer meros ensaios políticos. Para que suas mentiras sejam aceitas como verdades, contará ele com o suporte místico da Besta que sobe da terra, chamada de Falso Profeta (Ap 16.13; 19.20), obtentor de poder e sinais inimagináveis (Ap 13.13), que terá dois chifres: o poder religioso e o econômico, com os quais seduzirá as nações para que receba o Anticristo e o adore (Ap 13.11-18).
 
           O Anticristo e a Marca da Besta. Será justamente na ditadura do Anticristo que será lançada a sua marcação, sob alegação de marca da Besta. Na Grande Tribulação, quem desejar comprar alguma coisa só poderá fazê-lo mediante o sinal, o nome ou o número do nome da Besta subida do mar, que é o Anticristo (Ap 13.16-18). Tão somente o número é revelado na Palavra do Senhor. Ninguém poderá comprar ou vender sem que tenha a marca da Besta, quer dizer, aqueles que, nesse tempo, se arrependerem de seus pecados e se converterem – serão salvos pelo sangue do Senhor Jesus: a causa eterna de salvação (Ap 7.14), mas terão de pagar com a própria vida para manterem a sua salvação eterna (Ap 20.4); de fato, pagar com a vida vai ser o efeito que a salvação resultará (Ap 6.9-11); do contrário, terão de render-se aos caprichos do Anticristo. No que concerne ao nome e ao sinal – que será colocado na mão direita ou na testa – não há mais informações nas Escrituras. Posto que não se possa precisar em que consiste tal marcação, isto é certo: trata-se de um sinal literal e identificável. A Igreja não estará na Terra nessa época, pois será levada para o Céu no Arrebatamento, antes da Grande Tribulação, onde, na Glória, estará na festa nupcial das Bodas do Cordeiro (1Ts 1.10; Ap 3.10; 19.7-9).
 
            Contraste entre Cristo e o Anticristo. As diferenças entre Cristo (o Cordeiro de Deus) e o Anticristo (a Besta do Diabo), são muitas. Entre as quais:
  • Cristo é a imagem de Deus (Cl 1.15); o Anticristo é a imagem de Satanás;
  • Cristo é a Segunda Pessoa da Trindade Divina (At 10.38); o Anticristo é a segunda pessoa da trindade satânica, que governará o mundo na Grande Tribulação (Ap 16.13);
  • Cristo desceu do Céu (Jo 6.51); o Anticristo há de subir do Abismo (Ap 11.7);
  • Cristo é o Cordeiro de Deus (Ap 5.12); o Anticristo é a Besta (Ap 13.1; Dn 7.7);
  • Cristo é Santo (At 3.14); o Anticristo o homem do pecado (1Ts 2.3);
  • Cristo veio em nome do Pai; o Anticristo virá em seu próprio nome (Jo 5.43);
  •  Cristo subiu ao Céu (At 1.9-11); o Anticristo descerá para o inferno (Ap 19.20);
  • Cristo é o Filho de Deus (Mc 1.1); o Anticristo é o filho da perdição (2Ts 2.3);
  • Cristo é o Mistério de Deus (Cl 2.2); o Anticristo é o mistério da iniquidade (2Ts 2.7);
  • A Noiva de Cristo é a Igreja (2Co 11.2); a do Anticristo é uma prostituta (Ap 17.16,17);
  • Os seguidores de Cristo andam na Luz (Jo 8.12); quem seguir ao Anticristo andará em trevas (Ap 16.10); e
  • O Reino de Cristo é eterno (Dn 2.44); o império do Anticristo durará apenas sete anos (Dn 9.27; 2Ts 2.8).
 
 
 
Glossário
 
Delegado-mor: Delegado-maior. O elemento –mor é de origem latina, e significa maior.
Tipizar: Servir como exemplo típico de; personificar as características essenciais de; caracterizar; simbolizar. Também se diz tipificar.
Danação eterna: Condenação, maldição, castigo, sofrimento ou suplício eterno, a que estarão sujeitos todos aqueles que negarem o sacrifício de Cristo, não obtendo, assim, a salvação. Danação eterna é um dos nomes do inferno, ou seja, do Lago de Fogo; é a condenação do ímpio ao Fogo Eterno. Pronuncia-se dã-nação. Diz-se também eterna danação.
Abarcará: Conterá em si; conterá em sua área; abrangerá; compreenderá; integrará; englobará.
Feroz catadura: Locução da Almeida Revista e Atualizada (ARA) encontrada no livro de Daniel 8.23, que significa desumano, cruel, violento, ferino, fero, perverso, de aspecto ou expressão do semblante, da cara ameaçadora e agressiva.
Diadema: Coroa usada como sinal de status ou autoridade de rei. Sentido Fig. – Poder, autoridade ou dignidade real.
Renhidamente: De modo renhido, isto é, disputado com ardor, de modo sangrento, violento, encarniçado.
Obstinado: Inflexível; irredutível; relutante; teimoso; resistente; cabeça-dura; que não cede a argumentos, considerações ou reflexões por mera pirraça e/ou ignorância; difícil de controlar ou dominar.
Marcação: Ato ou efeito de marcar; o mesmo que marca.
 
Bibliografia
ANDRADE, C. C. Dicionário de Escatologia Bíblica: Os vocábulos e expressões mais significativos da Doutrina das Últimas Coisas. 2.ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 33.
SILVA, S. P. Escatologia: Doutrina das Últimas Coisas. 16.ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 84.
GILBERTO, A. (Org.). et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 516.

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