Por Johny Mange
I – A Páscoa de Nosso Senhor
1 - A Páscoa Consoante o Judaísmo
Era a comemoração
do livramento dos israelitas do Egito. Começava no 14º à tarde, isto é, no
princípio do 15.º dia de Abibe ou Nisã, com a refeição sacrificial, quando um
cordeiro ou um cabrito inteiro era assado e comido pelos membros de uma família
com ervas amargas e pães asmos; nessa ocasião o chefe da família contava a
história da redenção do Egito com os milagres das pragas e a abertura do mar
por intermédio de Moisés. Os sacrifícios significavam expiação e dedicação. As
ervas amargas faziam lembrar a amargura da servidão egípcia, e os pães asmos
simbolizavam a pureza (cf. Lv 2.11). ¹
2 – O Senhor Jesus Cristo: Nossa Páscoa
Em hebraico,
Páscoa significa Pessach, cujo sentido é passar por cima.
Isso concerne a décima praga enviada por Deus ao Egito. Um anjo passaria pelas
casas e mataria todos os primogênitos. Todavia, aos hebreus, o Altíssimo
preparou um escape. Nas casas, as ombreiras e padieiras que tivessem o sinal do
sangue de um cordeiro, o anjo destruidor não mataria o primogênito daquela
casa; por isso, “pessach”, quer dizer, “passaria por cima”, e o primogênito
obteria o livramento de morte.
O Novo Testamento
revela que Cristo é a nossa Páscoa (1 Co 5.7). O sentido, os rituais e os elementos da
Páscoa prefiguravam a Pessoa do Senhor Jesus e a Sua Obra no Calvário por nós.
Por conseguinte, tudo se cumpriu em Cristo (Lc 23.44,45). Uma explanação de
Êxodo 12, à luz do Novo Testamento, elucida que Cristo é o nosso Cordeiro Pascoal.
a) Páscoa: nova
contagem de tempo. Este mesmo mês vos será o princípio dos meses;
este vos será o primeiro dos meses do ano (Ex 12.2). Aquele que recebe
o Senhor Jesus (Jo 1.12), nele se inicia uma nova contagem de vida (2 Co 5.17).
Deus faz novas todas as coisas (Ap 21.5). O novo nascimento (Jo 3.3) propicia
uma nova contagem de tempo — dos tempos de refrigério na presença do Eterno (At
3.19).
b) Páscoa:
cada um devia tomar um cordeiro. Caso a família fosse pequena para um
cordeiro, tinha de unir-se com o vizinho (Ex 12.3). Jesus, o Ungido de Deus, é
descrito nas Santas Escrituras como o “Cordeiro de Deus” (cf. Jo 1.29,36; Is
53.7; At 8.32,33). No Apocalipse, o título de Cordeiro é dado a Cristo cerca de
29 vezes.Cordeiro descreve Jesus Cristo como gentil, extremamente
dócil, compassivo, dedicado, submisso à Sua missão, humilde, que sofreu
inocentemente e morreu como substituto do ser humano, a fito de expiar os seus
pecados. Logo, o Filho de Deus é o nosso Cordeiro Pascoal, ou Cordeiro Pascal.
c) Páscoa: o
sangue do cordeiro era passado nas ombreiras e nas vergas das portas dos hebreus.
À meia noite um anjo passaria pelas casas de todos, onde não houvesse o sangue
do cordeiro — a vida do primogênito seria tirada (Ex 12.12,13,29). Emílio Conde
enfatizou: “Meia-noite é uma palavra composta que se encontra na Bíblia e que é
de alta significação, por causa dos acontecimentos que se registraram a essa
hora [...] a última praga que Deus enviou sobre o Egito [foi] à meia-noite; foi
esse acontecimento da meia-noite que fez com que Faraó deixasse o povo escravo
sair do Egito.” ² O sangue sobre as ombreiras e as pavieiras das portas, era o
sinal de obediência ao Altíssimo, pois ali um substituto havia morrido no lugar
do primogênito, o qual lhe tinha tirado a culpa; portanto, o anjo não podia dar
cabo da vida dele. Jesus — o Cordeiro Pascal — é o substituto de toda a
humanidade (1 Pd 2.21-24; Hb 9.28). Veio ao mundo como homem, na plenitude dos
tempos (Jo 1.14; Gl 4.4), para pagar a dívida do pecado, que tinha sido
contraída no Éden (Gn 3.6-15; Cl 2.14,15). E assim o fez na cruz, uma vez que a
morte do Senhor foi vicária, isto é, substituiu-nos a satisfazer a justiça de
Deus (Jo 19.30; 1 Pd 3.18). A Bíblia ratifica: Mas Deus prova o seu
amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.
Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele
salvos da ira (Rm 5.8,9).
d) Páscoa: a
carne do cordeiro era assada. À semelhança do cordeiro assado na
Páscoa (Ex 12.8), Jesus, o Nazareno, em sentido figurado, foi “assado” para
conceder livramento da pena do suplício eterno ao ser humano. Ele — a caso de
realizar a Sua Obra gloriosa na cruz — foi maltratado, desprezado,
experimentado nos trabalhos, dolorido, aflito, ferido, oprimido, moído por
nossas transgressões (Is 53.3-5).
e) Páscoa:
a carne assada do cordeiro era comida com pães ázimos (ou asmos), qual seja,
sem fermento. Na Palavra de Deus, “fermento é invariavelmente usado
para representar algo que é ruim, corrupto ou insatisfatório [...] O fermento é
usado como um símbolo do pecado, em sua essência [...] Uma razão natural para
essa proibição é encontrada no fato de que a fermentação implica um processo de
corrupção.” ³ Entretanto, Cristo Jesus, em Sua missão terrena, permaneceu
“santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do
que os céus” (Hb 7.26); “O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou
engano” (1Pd 2.21). Os pães ázimos tipizavam a impecabilidade do Jesus, o
Cordeiro. O hino 382, da Harpa Cristã, atesta: “Ó, Cordeiro imaculado, que
morreste sobre a cruz”.
f) Páscoa:
comia-se a carne assada do cordeiro com ervas amargas. Tais ervas
amargas (Ex 12.8) denotam a parte humana de Jesus sofrendo agonia, amargura;
Ele se agonizando e se angustiando antes da crucificação: [Jesus] começou
a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então disse: A minha alma está cheia
de tristeza até a morte (Mt 26.37,38). Semelhantemente, pregado na
cruenta cruz, estava sob dolorosa agonia: Depois, sabendo Jesus que já todas
as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho
sede. Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma
esponja, e, pondo-a num hissope, lha chegaram à boca (Jo 19.28,29).
g) Páscoa:
para participar, era necessário estar com os trajes completos, adequados à
saída do Egito. Assim, pois, o comereis: Os vossos
lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o
comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR (Ex 12.11). Os
trajes espirituais do Cristo de Deus estavam preparados, quer dizer, após a
completitude da Obra da Redenção do pecador, entregou, vitorioso, o espírito ao Pai, porquanto tinha
cumprido o Plano de Salvação: E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado.
E, inclinando a cabeça, entregou o espírito [...] clamando Jesus com grande
voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto,
expirou (Jo 19.30; Cl 23.46). O espírito sobrevive à morte
do corpo (Mct. 10.28; E 12.7; 2Co 5.8), portanto, Jesus
Cristo foi para o Céu, em espírito, no dia em que morreu, enquanto Seu corpo
estava na sepultura a dormir, esperando ser despertado pela ressurreição (Jo
2.19-21; 1Co 15.20; Mct. 28.1-8). O que dorme é o corpo, e não a
alma e o espírito (Mct. 27.52; Dt 34.5,6 comp. Mct. 17.1-3; At
7.59,60 comp. 8.2). Quando Ele disse à Maria Madalena: “Ainda
não subi para meu Pai” (Jo 20.17), referia-se à ascensão
de Seu corpo à Glória, visto que a ascensão do Senhor ocorreu 40 dias depois de
Sua morte (At 1.3,9-10). Sendo assim, a parte imaterial
de Cristo Jesus — espírito e alma (Mct.. 27.50; 26.38), já
tinham subido ao céu (Cl 23.43,46), mas o Seu corpo
ainda não. Razão de Ele haver dito à Madalena: “Não me toques” (Jo
20.17, Versão Brasileira), que somente poderia ser em Seu corpo...
h) Páscoa:
nenhum osso do cordeiro podia ser quebrado. O cordeiro da páscoa, sem
dúvida, era o antítipo de Cristo: O Cordeiro de Deus, o nosso Cordeiro Pascoal!
Em cumprimento a Êxodo 12.46: Numa casa se comerá; não levarás daquela
carne fora da casa, nem dela quebrareis osso —, nenhum osso de Cristo
foi quebrado, pois ressurgiu corporalmente (Cl 24.3-7, 36-45), vivificado, isto
é, trazido à vida, vencendo o poder da sepultura, pelo poder do Espírito Santo
(Rm 8.11; 1 Pd 3.18). A Bíblia diz: Mas [os soldados], vindo a Jesus, e
vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Porque isto aconteceu para que
se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Jo
19.33,36).
i) Jesus
Cristo — Nosso Cordeiro Pascal: Hoje todo o ritualismo em torno da
páscoa para o Cristianismo não tem valor, uma vez que eram “sombra dos bens
futuros, e não a imagem exata das coisas” (Hb 10.1), cumpridas inteiramente na
Pessoa de Cristo: E disse-lhes [Jesus]: São estas as
palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse
tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas, e nos
salmos. Então abriu-lhes o entendimento
para compreenderem as Escrituras (Cl 24.44,45). A nossa Páscoa é o
Senhor Jesus Cristo, o Cordeiro Divinal: Porque Cristo, Nossa Páscoa,
foi sacrificado por nós (1Co 5.7).
3 – Devemos guardar a festa da Páscoa?
As expressões
“Lei de Deus”, “Lei de Moisés” e “Lei” são sinônimas, e não três leis
diferentes nas quais se pode dizer que há mandamentos abolidos em uma e alguns
que permanecem em vigor em outra. Isso é invencionice. Veja Neemias 8.1 ,2,8
,14,18 , em que a mesma Lei indistintamente é exposta por essas expressões. Há
uma só Lei, e esta própria possui preceitos morais, civis e cerimoniais. E
mesmo os que defendem (sem apoio algum nas Escrituras) a distinção da Lei em
três categorias: lei cerimonial (o Pentateuco) e lei moral (os dez mandamentos)
e lei civil, o fazem apenas por descrição funcional, “mas não fica
absolutamente claro que os escritos do Antigo ou do Novo Testamento classificam
as leis do Antigo Testamento nessas categorias com precisão suficiente para que
se possa determinar concordâncias ou discordâncias com bases nessas
distinções.”4 Por consequência, é melhor ficar com os respaldos
bíblicos, pois são mais lógicos e precisos para afirmarem que existe apenas uma
Lei, e não três leis; no entanto, uma Lei com ordenanças morais, civis e
cerimoniais, porquanto se arrazoa, assim, ainda, pelo fato de ser um só
Legislador (Tg 4.12; Is 33.22).
Jesus veio mundo e
viveu sob a Lei (Gl 4.4). Portanto, é cabível que Ele a guardou; todavia,
cumpriu-a em sua totalidade por nós (Cl 16.16; Rm 10.4; 6.14), deixando ao
cristão a “Lei de Cristo” ( 1Co 9.21; Gl 6.2), que, nesta, não pecaremos à
vontade, mas seguiremos, sem restrições, os mandamentos conservados pelo Senhor
Jesus na Nova Aliança (Rm 6.17-23).
a) Lei
serviu apenas de aio. A Lei serviu apenas de aio. Aio,
na cultura greco-romana, era um servo, um tutor de confiança da família, cujo
era lhe entregue uma criança, da qual tomaria conta e conduziria os seus passos
dos 6 aos 16 anos. Ele supervisionava-lhe a conduta. Guiava-a pelos trilhos da
ética, da moral, da disciplina e a guardava dos males advindos. Aos 16 anos, já
estava livre totalmente do aio. Em suma, a Lei serviu não para ser
mestra, porém uma tutora, pedagoga, que serviu para guardar os judeus da
corrupção até a chegada do Filho de Deus. A Lei guiou-os, impondo-lhe
disciplinas até Cristo vir, como apontavam as profecias.
Agora, Cristo já
veio! Os cristãos estão livres da Lei, porque “a graça de Deus se manifestou”
(Tt 2.11). Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da Lei, e
encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos
serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos
justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio (Gl
3.23-25).
b) Não é
ordenado aos cristãos guardar festas anuais, nem mensais, nem dias do Judaísmo. A
Escritura não impõe aos cristãos, de forma alguma, a guarda de festas judaicas
anuais, mensais, nem a guarda do sábado. Na Graça de Deus, não se guardam dias
como santos: Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou
por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras
das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo (Cl 2.16,17). Haja
vista: cada partícula de Colossenses 2.16, trazida a lume e corretamente
interpretada por outras citações das Escrituras:
1) “Dias de festas” diz respeito às festas
judaicas anuais do Judaísmo, que são estas: Festa da Páscoa (Lv 23.5-7), Festa
dos Asmos (Lv 23.8), Festa do Pentecostes (Lv 23.15-16), Festas das Trombetas
(Lv 23.23-25), Festa da Expiação (Lv 23.26-32), Festa dos Tabernáculos (1.º
dia) e Festa dos Tabernáculos (ultimo dia – Lv 23.24-36).
2) “Lua nova” (que aparece de 28 a 30 dias,
principiando o mês) refere-se às festas mensais.
3) “Sábados” é concernente ao sábado semanal.
“Dias de festas, lua nova e sábados”, portanto, é uma expressão para descrever
os feriados judaicos anuais, mensais e semanais. Tal fórmula é apresenta também
o Antigo Testamento (1 Cr 23.31; 2Cr
2.4; Ez 45.17; Os 2.11).
Todas as festas judaicas (incluindo a Páscoa) e o sábado não
passavam de sombra, que tiveram sua projeção total em Jesus. “Todas as vezes
que o termo sombra é usado em relação à lei é para dizer que a sombra acabou,
mas o original que, neste caso, é o corpo, permanece. Em Hebreus 8.5 o sistema
mosaico inteiro é chamado de sombra. Em Hebreus 10.1 a lei é chamada de sombra.
Em nenhum desses casos alguém vai objetar dizendo que a sombra ainda permanece
depois que Cristo veio. Percebemos a mesma linguagem em Colossenses 2.16,17
onde os dias sagrados judaicos são sombras em contraste com Cristo que é o
corpo.” ⁵
Os que teimam hoje em guardar o sábado, um claro
ressurgimento duma prática judaica, caem na ponta da espada da própria Lei, uma
vez que o sábado devia ser guardado em casa (Ex 16.29) — caso saísse, devia
caminhar cerca de um quilômetro apenas (At 1.12), não podia acender fogo (Ex
35.3) (isso envolve para um judeu ortodoxo – não andar de carro, nem acender
uma lâmpada — que equivale a acender lume, até os elevadores param sozinhos em
cada andar, etc.), nem fazer viagens (Ne 10.31), nem tratar de negócios (Ne 13.15-16),
nem carregar peso (Jr 17.21); nem fazer transações comerciais (Am 8.5); os que
guardam o sábado têm de fazer seus empregados também guardarem (Ex 20.10). Tudo
isso (ou alguma dessas coisas), hoje em dia, é feito pelos atuais sabatistas
(quer adventistas dos sétimo dia, quer adventistas da reforma, quer adventistas
da promessa, quer testemunhas de Yehoshua, quer batistas do sétimo dia, quer a
Igreja de Deus do Sétimo Dia, etc); portanto, à luz da Bíblia, eles estão sob a
maldição da Lei (Tg 1.23; Gl 3.10). Pela Lei nenhuma carne há de ser
justificada (Gl 3.11,12). É por isso que o sábado é um sinal entre Deus e os
judeus, somente (Ex 31.14-16; Ez 20.12).
c)
Guardar dias e festas — rudimento fraco e doente. O apóstolo Paulo
diz: Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por
Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de
novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós,
que não haja trabalhado em vão para convosco (Gl 4.9-11).
Portanto, nem
mesmo a Festa da Páscoa deve ser guardada. Cristo atualmente é a nossa Páscoa,
e a Lei e suas ordenanças tiveram fim em Sua Pessoa (2 Co 3.6-14; Hb 8.6-13).
Os requisitos da Páscoa foram de todo cumpridos no Cristo de Deus. A Lei e suas
ordenanças foram cravadas na cruz do Calvário, sendo totalmente cumpridas por
Jesus (Cl 2.14,15), como vimos acima.
Ainda que
falemos da morte e da ressurreição do Senhor nos dias a que antecedem e na
própria Páscoa( 1 Co 15.2-4, 12-17; Jo 20.1-18) — o que é inteiramente normal,
pois representa o ato do Cordeiro de Deus imolado pelo pecador (porém
ressuscitado ao terceiro dia) — não faz jus, em hipótese alguma, ressuscitarmos
práticas judaicas concernentes à Páscoa, já que o sentido dela, no
Cristianismo, encerrou-se no Senhor Jesus (1Co 5.7).
II – O Paganismo na Comemoração da Páscoa Moderna e o Contraste da Páscoa Bíblica com a Páscoa da Atualidade
Os elementos pagãos estão introduzidos na
moderna páscoa. Decerto que os tais tiraram o verdadeiro sentido da Páscoa
descrita na Palavra de Deus, que foi cumprida em Cristo. Não podemos compactuar
com tais coisas. Ressalta a Escritura: E que concórdia há entre Cristo
e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de
Deus com os ídolos? [...] Pelo que saí do meio deles, e
apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei (2
Co 6.15-17). Páscoa comemorada com coelhos que botam olhos de chocolate não
passa de caricatura do paganismo no seio da Igreja de Jesus. É fogo estranho na
Seara do Senhor (Lv 10.1,2). Até mesmo à razão, está às escâncaras essa
estupidez (1 Co 14.20). Vamos estudá-los passo a passo.
4 – O Coelho da Páscoa
a) O
coelho. Os coelhos são encontrados em várias regiões do mundo. Eles
são herbívoros, ou seja, alimentam-se de folhas, caules, raízes e alguns tipos
de grãos. Algumas espécies tornam-se adultas aos seis meses de idade e dão
quatro ninhadas por ano. O tempo de vida de um coelho está entre cinco e dez
anos.
b) O coelho no
Judaísmo. Era um animal imundo, portanto, sua carne não podia ser
comida: E o coelho, porque remói, mas não tem as unhas fendidas, este
vos será imundo (Lv 11.5).
Exame bíblico —
A ciência moderna alega que o coelho não remói; “remoer” é sinônimo de
“ruminar”. Ruminar, no entanto, é remastigar ou remoer os alimentos que voltam
do estômago à boca. Pois bem, embora o coelho não rumine no sentido moderno e
técnico desta expressão, para um observador, ele de fato tem um comportamento
que faz parecer que esteja ruminando. Assim, ele foi relacionado junto com os
outros animais que realmente ruminam para que qualquer um pudesse distingui-lo
como imundo, pelo critério da observação. O coelho move o queixo de tal
maneira, que é como se estivesse ruminando. A frase “porque remói” não deve ser
tomada no sentido científico moderno, mas no sentido antigo de haver um
movimento que, nas palavras de hoje, tanto pode ser a ruminação como a
reflexão. Reflexão é o processo — muito semelhante à ruminação — em que certos
alimentos vegetais indigestos absorvem certas bactérias e são engolidos de
novo. ⁶
No tempo da Graça (Jo
1.17; Rm 6.14), Jesus declarou puras todas as comidas (Mc 7.17-23). Cristo
cumpriu a Lei (Rm 10.4). Proibir a ingestão de carnes, hoje em dia, que eram
proibidas na Lei, não passa de cauterização da consciência pela doutrina de
demônios, uma vez que pela oração a alimentação é santificada (1Tm 4.1-5). A exceção, somente, é referente à
carne sufocada e ao sangue (cf. At 15.28,29).
c) A simbologia do
coelho. Por ser o coelho um animal capaz de gerar várias ninhadas no
ano, simboliza, derivando-se das crenças místicas babilônicas, a fecundidade, a
renovação e a vida nova.
Exame bíblico —
Enquanto foi posto na Páscoa um animal que, desde os babilônicos, simbolizava a
fecundidade, ele na verdade está tomando o lugar de Cristo ― o real sentido da
Páscoa. O sentido transferiu-se inteiramente para a figura do coelho, ficando
Jesus, o Cordeiro sacrificado (1Pd 1.19), de lado. “Cordeiro de Deus dá a idéia
não só da inocência de Jesus, mas também dos seus sofrimentos de substituição.
Foi Ele o cordeiro designado para o sacrifício pelo próprio Deus (Gn
22.8).” 7 O que o coelho tem a ver com a Páscoa? Cristo é o Cordeiro
Pascoal (Jo 1.29,36), e não o “coelho da páscoa”. É a introdução da doutrina de
demônios no arraial cristão (1Tm 4.1,2; Hb 13.9). Os costumes pagãos dos povos
não podem estar de permeio na Igreja de Deus (Jr 10.3; 1 Co 10.14,20,21), mas
têm de ser rejeitados e combatidos (2Tm 4.2,3; Tt 1.9-11). Quem anseia tomar o
lugar de Cristo é o Anticristo (1Jo 2.18). O prefixo anti, originalmente significa
“no lugar de”, e depois, “contra”. 8 É justamente essa a
representação do “coelho da páscoa” — tomar o lugar do sacrifício de Cristo e
transferir a glória para si: O qual se opõe, e se levanta contra tudo o
que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo
de Deus, querendo parecer Deus (2Ts 2.4).
O “coelho da páscoa” — que almeja
tomar o lugar de Cristo — é um protótipo de como o Antagonista de Cristo (o
Anticristo) governará o mundo na Grande Tribulação, logo após o Arrebatamento
da Igreja (Ap 13.1-10; Lc 21.34-36).
Outrossim, a imagem do coelho, na cultura pagã, como símbolo da renovação e da
vida nova também não tem espaço na Palavra de Deus. O pecado degradou o homem à
condenação (Rm 3.23; Sl 53.1-3). Deus providenciou o Cordeiro para ser
sacrificado e substituir o pecador (Is 53.7-12; Ap 13.8). Afirma a Escritura: Porque o
amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos,
logo todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam
mais para si, mas para aquEle que por
eles morreu e ressuscitou... Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o
mundo, não lhes imputando os seus pecados (2 Co 5.14,15,19). Portanto,
a morte vicária do Senhor, para aqueles que a reconhecem e a aceitam, é a única
que possui o poder de renovar o homem, fazendo-lhe um filho de Deus e
concedendo-lhe a vida eterna. Isso, sim, pode transformar o ser humano numa
nova criação! (Jo 1.4,12; 3.16; Tt 3.5; 2Co 5.17).
Enfim, toda
espécie de culto pagão e diabólico — desde os tempos remotos, em torno da
figura do coelho — é reduzido a cinzas pela verdade das Escrituras: Não
vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma
mentira vem da verdade. Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em
vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também
permanecereis no Filho e no Pai. Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos
enganam (1Jo 2.21,24-26). Sabendo disso, um cristão nunca deve
compactuar com o coelho de páscoa. Ele é figura do Anticristo e da doutrina de
Satanás: Como filhos obedientes, não vos conformando com as
concupiscências que antes havia em vossa ignorância (1 Pd 1.14; cf.
1Co 5.11).
d) A lenda do
coelho da páscoa. Conta a lenda que uma mãe, sendo muito pobre e não
tendo o que dar às crianças, no dia da Páscoa, resolveu pintar com cores vivas
alguns ovos de galinha. Nesse dia, arrumou os ovos num ninho improvisado no
fundo do quintal. Quando a criançada levantou, foi uma verdadeira surpresa: lá
estavam eles, coloridos e lindos. Os aplausos, os risos e toda alegria dos
meninos assustaram um coelho que estava às ocultas no terreno; este, pois,
saltitando, afastou-se de perto deles. Eles disseram: “Ovos coloridos e lindos,
tão diferentes dos outros, só podem ter sido botados por esse coelhinho.” Assim
pensaram as crianças, e nascia a lenda que perdura até os dias atuais. ⁹ A
tradição do “coelho da páscoa” foi trazida para a América em meados de 1700.
Exame bíblico —
Tendo em vista que o “coelho da páscoa”, que é “ovíparo” (bota ovos), e não o
coelho criado por Deus, cujo é herbívoro (que se alimenta de ervas ou de
substâncias vegetais), tem seu fundamento numa lenda, e contrapõe a verdade
sobre o Cordeiro Pascal descrito nas Escrituras, deve ser rejeitado
inteiramente. Logo, a lenda do “coelho da páscoa” está guiando milhões de
pessoas em outro pensamento acerca da Páscoa. Atualmente, pergunte a qualquer
criança sobre a Páscoa; consequentemente, ouvi-la-á dizer: “Páscoa é coelhinho
da páscoa, que bota ovos de chocolate”. Uma fé fingida está sendo exposta à
humanidade. Um mito, uma invenção, uma heresia. O lugar do sacrifício de Cristo
é tomado por um coelho (1 Pd 1.18-20).
“Mito” está atrelado a
lendas, a invenções, a folclores, o qual é mantido pela cultura popular, pela
ênfase da tradição. A “verdade” associada à história e à realidade dos fatos. A
fé cristã não se fundamenta em lendas, estórias ou invenções, mas na
veridicidade dos fatos. Isso é corroborado na Bíblia: Santifica-os na
verdade; a Tua Palavra é a verdade (Jo 17.17); A Tua Palavra é
a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre (Sl
119.160); Em quem também vós estais, depois que ouvistes a Palavra da Verdade, o
Evangelho da vossa salvação... (Ef 1.13); Disse Jesus: Eu para isso
nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo
aquele que é da verdade ouve a Minha voz (Jo 18.37).
A Bíblia Sagrada —
o Livro dos livros — é fundamentada terminantemente na verdade. Além de Ela ser
a plena “Palavra de Deus” (Mc 7.13), a “Verdade” (Cl 1.5), a inerrante e
totalmente inspirada pelo Espírito Santo (Jo 10.35; Lc 21.33; 2Pd 1.20,21),
“existem 5.300 manuscritos gregos e porções, 10.000 da Vulgata Latina, e 9.300
de outras versões [...] [a] documentação bíblica maciça [...] abrange 24.000
porções de manuscritos, manuscritos inteiros, e versões, sendo que os
fragmentos mais antigos datam entre 50 e 300 anos após o manuscrito original
ter sido escrito. Nenhuma literatura antiga jamais forneceu tanto material para
os historiadores e críticos textuais [...] Como [porém] o Novo Testamento pode
ser possivelmente rejeitado, como sendo textualmente “não confiável” quando sua
documentação é, pelo menos, 100 vezes maior do que a da literatura antiga —
literatura esta amplamente aceita como confiável? Em outras palavras, aqueles
que questionam a confiabilidade da Bíblia também devem questionar a
confiabilidade de, virtualmente, todos os escritos antigos existentes no mundo!
Aliás, descartar a Bíblia significa descartar toda a história antiga.” ¹º
Pelo fato de o
“coelho ovíparo da páscoa” ser fundamentado em lendas, definitivamente o
cristão precisa ter uma postura ortodoxa, “porque nenhuma mentira vem da
verdade” (1Jo 2.21). Portanto,
rejeite as fábulas profanas e de velhas. Exercite-se a si mesmo na piedade (1Tm
4.7). Por conta do “coelho da páscoa” muitos
não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas (2Tm
4.4).
Finalmente, a
Igreja de Cristo é testemunha da verdade que conduz à vida eterna — o
sacrifício vicário de Cristo, mas não de fábulas e lendas engenhosas, isto é,
de espíritos inventivos, as quais negam o fundamento da salvação, exemplarmente
o coelho da páscoa — um protótipo do Anticristo, cujo anseia tomar o lugar da
morte expiatória do Senhor Jesus no coração da humanidade: Pelo que não
deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais,
e estejais confirmados na presente verdade. Porque não vos fizemos saber a
virtude e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas
artificialmente compostas: mas nós mesmos vimos a Sua majestade (2 Pd 1.12,16)
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